quinta-feira, 18 de julho de 2013

Porto está no epicentro da demora na venda da CSA

Nicola Pamplona   (nicola.pamplona@brasileconomico.com.br) 
BRASIL ECONOMICO

Novela que já dura um ano não deve chegar ao seu capítulo final enquanto a Vale não der seu aval sobre a operação.
<CW3>Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz, a 60 quilômetros do Rio, faz parte dos ativos que Thyssen e CSN estão tentando comprar
A iminente venda do controle da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) deve colocar novamente Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Vale em lados opostos. Com interesse no uso do porto da CSA para escoar sua produção, a empresa de Benjamin Steinbruch terá que convencer a mineradora, que tem poder de veto no negócio, a liberar a um concorrente o acesso a um moderno sistema logístico, que permite a atracação de navios de grande capacidade e próximo às principais instalações siderúrgicas e de mineração da região Sudeste.

Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz, a 60 quilômetros do Rio, faz parte dos ativos que Thyssen e CSN estão tentando comprar
O porto é um ativo considerado estratégico para a CSN, que não conseguiu deslanchar seu principal projeto logístico na região, o Porto Privativo Lago da Pedra, projetado no final da década passada e hoje fora dos planos da siderúrgica. Com o Lago da Pedra, a companhia previa ampliar a capacidade de escoamento de produtos siderúrgicos e de sua crescente produção de minério de ferro, operação que vem ganhando peso dentro de seus negócios - a ponto de superar a receita da venda de aço no ano passado.
Segundo fontes, CSN e a alemã ThyssenKrupp estão perto de finalizar um acordo para a transferência da unidade de negócios Steel Americas, que controla a CSA e uma laminadora nos Estados Unidos, pondo fim a uma novela que dura pelo menos um ano. O modelo proposto pela empresa de Benjamin Steinbruch prevê que a CSN assuma dois terços da usina brasileira, restando à Vale e à própria Thyssen a fatia de um terço - a mineradora reduziria, assim, sua participação atual, que é de 27%.
As empresas não comentam o assunto, mas fala-se no mercado que a transação envolverá algo em torno de US$ 3,5 bilhões. O acordo, porém, terá que passar pelo crivo da Vale, que vem repetindo que ainda não foi consultada e que não abre mão da exclusividade no fornecimento de minério à CSA. Observadores próximos dizem que o principal foco de conflito é a utilização do porto, que conta com dois berços: uma para importação de carvão e coque e outro para exportação de placas.
"A CSN precisa de escala para suas exportações e o porto da CSA já está pronto, não necessita de novos investimentos", diz uma fonte próxima às empresas. O projeto Lago da Pedra previa investimentos de US$ 1 bilhão em berços e pátios de carga para atingir capacidade anual de movimentação de 60 milhões de toneladas de minério, 12 milhões de toneladas de carvão e 11 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos.
Após o fracasso do empreendimento, a CSN juntou-se a Gerdau e Petrobras em um novo projeto, que também previa terminais para o escoamento de produtos siderúrgicos e de minério, mas ainda não avançou. Daí o caráter estratégico do terminal da CSA. A própria Techint, que chegou a negociar com a ThyssenKrupp, valorizava o ativo como alternativa para exportar a produção da Usiminas - apesar de ter acordo com o Porto Sudeste, que está sendo construído pela MMX, do grupo de Eike Batista, e deveria ter iniciado as operações no final do ano passado.
A CSN opera dois terminais no porto de Itaguaí, perto da CSA, que têm berços para a movimentação de minério, contêineres e cargas gerais e que têm projetos de expansão. Já a Vale opera um terminal mais ao sul, chamado Ilha de Guaíba, por onde escoa a produção de minério de ferro de suas operações em Minas Gerais.

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