Sessão do Plenário foi cancelada depois que o deputado Anthony Garotinho denunciou que a MP tinha virado “show do milhão”. A medida provisória, que já sofria restrições de vários partidos da base governista, perde a validade no dia 16 de maio.
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Garotinho: houve interferência de interesses privados na negociação da MP.
A votação da MP dos Portos (595/12) foi cancelada nesta quarta-feira (8) depois que o clima do Plenário esquentou quando o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) disse que a medida tinha se tornado a “MP dos Porcos” por causa de interferência de interesses privados na análise da proposta.
Houve bate-boca e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, resolveu encerrar os trabalhos. Ele disse que a sessão se tornou “uma das noites mais constrangedoras” que viveu nos seus 42 anos de Câmara.
Com isso, a MP corre sério risco de perder a validade, já que precisa ser votada pelas duas Casas (Câmara e Senado) até o dia 16 de maio. Até o momento, não há acordo sobre o texto entre os líderes da base governista.
O destino da MP dos Portos será definido em uma reunião de líderes convocada para esta quinta-feira (9). O líder do PT, deputado José Guimarães (CE), adiantou que vai pedir a realização de uma sessão extraordinária na segunda-feira para tentar votar a proposta. Guimarães foi presidente da comissão mista que discutiu a MP.
Emenda do PMDB
As críticas de Garotinho foram direcionadas principalmente à proposta do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de juntar vários destaques do PMDB, do PSB, do DEM e do PDT em uma só emenda, para tentar aprovar as mudanças em um só pacote. “Essa não é a MP dos Portos, essa é a MP dos Porcos. Essa MP está cheirando mal. Não está cheirando mal não. Está podre. Isso aqui não pode ser transformado no show do milhão”, disse Garotinho.
As críticas de Garotinho foram direcionadas principalmente à proposta do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de juntar vários destaques do PMDB, do PSB, do DEM e do PDT em uma só emenda, para tentar aprovar as mudanças em um só pacote. “Essa não é a MP dos Portos, essa é a MP dos Porcos. Essa MP está cheirando mal. Não está cheirando mal não. Está podre. Isso aqui não pode ser transformado no show do milhão”, disse Garotinho.
Deputados protestaram e cobraram de Garotinho que indicasse quem foi corrompido. “Não vamos morder a isca dos que disseminam fofocas e também não vamos receber educação moral e cívica de quem não tem capacidade de fazê-lo”, disse o líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS).
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Deputados protestaram em Plenário contra denúncias relacionadas à negociação da MP dos Portos.
Já Eduardo Cunha, autor da emenda, questionou os interesses de Garotinho. “A quem interessa o tumulto colocado aqui hoje? A quem interessa derrubar a MP?”, ponderou. Ele disse que o Plenário não seria maculado por “alguém que não tem credibilidade para falar”.
Garotinho aprofundou as críticas dizendo que a emenda tornaria a MP em um “monstrengo”. Vários líderes disseram que não haveria mais clima para votação.
Eduardo Cunha disse que vai querer explicações de Garotinho no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Ele questionou a credibilidade do autor das acusações. "Acuse e mostre o que está acontecendo. Eu tenho coragem suficiente para qualquer embate. E não tenho medo de quem quer que seja. Ainda mais de pessoas que nós conhecemos o passado, e que não têm credibilidade para falar de ninguém", disse Cunha.
Tentativa do governo
O governo quis insistir na análise da proposta, mas não conseguiu. O líder do PT, José Guimarães, caracterizou como “um fato estranho” a análise da MP ter sido cancelada por conta da fala de um deputado. “Nesta Casa, quem fala se responsabiliza pelo que diz. Por que suspender uma votação? Criou-se um sensacionalismo pela fala do Garotinho”, criticou Guimarães. Segundo ele, o governo tinha interesse de discutir o mérito da proposta, mas não teve oportunidade.
O governo quis insistir na análise da proposta, mas não conseguiu. O líder do PT, José Guimarães, caracterizou como “um fato estranho” a análise da MP ter sido cancelada por conta da fala de um deputado. “Nesta Casa, quem fala se responsabiliza pelo que diz. Por que suspender uma votação? Criou-se um sensacionalismo pela fala do Garotinho”, criticou Guimarães. Segundo ele, o governo tinha interesse de discutir o mérito da proposta, mas não teve oportunidade.
Terminais privados
A MP dos Portos foi objeto de várias restrições de partidos da base. Foram apresentados 28 destaques à proposta, com o objetivo de alterar o texto em Plenário. PMDB, PSB, PDT e DEM apresentaram as maiores divergências no texto e, por isso, se uniram para fazer a emenda apresentada por Cunha. Para o deputado, o relatório da comissão mista piorou o texto da MP. “Acabou saindo um texto ruim para todo mundo”, completou.
A MP dos Portos foi objeto de várias restrições de partidos da base. Foram apresentados 28 destaques à proposta, com o objetivo de alterar o texto em Plenário. PMDB, PSB, PDT e DEM apresentaram as maiores divergências no texto e, por isso, se uniram para fazer a emenda apresentada por Cunha. Para o deputado, o relatório da comissão mista piorou o texto da MP. “Acabou saindo um texto ruim para todo mundo”, completou.
O principal objetivo da emenda de Cunha é impor licitação e prazos para as autorizações de exploração de terminais privados. “Aqueles que buscam autorização devem e podem buscá-la através de um processo licitatório aberto no qual vai aparecer o melhor projeto, quem tem capacidade de movimentar mais carga, oferecer mais modernidade no porto novo”, defendeu o parlamentar.
A emenda também prevê mudanças na prorrogação dos contratos vigentes; alterações nas normas trabalhistas; e permissão de delegação, para as concessionárias dos portos, dos poderes da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) sobre as licitações.
A emenda também prevê mudanças na prorrogação dos contratos vigentes; alterações nas normas trabalhistas; e permissão de delegação, para as concessionárias dos portos, dos poderes da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) sobre as licitações.
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha: Plenário não pode ser maculado por alguém que não tem credibilidade para falar.
Já o líder do PT, José Guimarães, disse que a emenda apresentada pelos quatro partidos significaria a morte da MP dos Portos. “Essa emenda desconfigura a espinha dorsal desse marco regulatório", criticou. Guimarães ressaltou que o Estado não pode impor licitação para um negócio completamente privado, como é a intenção dos terminais de uso privativo.
O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), também defendeu o modelo proposto para os terminais privados. Chinaglia ponderou que a licitação não garante a transparência e que o modelo de terminais privados e públicos estabelece uma concorrência saudável e não predatória, como têm dito alguns deputados. "Pelo modelo da MP, quem tiver dinheiro compra o terreno, vai fazer um investimento pesado a seu custo e risco para explorar um terminal de uso privado, diferentemente do que ocorre nos terminais públicos, em que há investimento público", defendeu.
Chinaglia disse ainda que o modelo previsto pela lei de 93, revogada pela MP dos Portos, não acompanhou a evolução da economia brasileira. Segundo ele, nesses 11 anos, apenas dez portos foram licitados, enquanto as exportações brasileiras subiram 302%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário