sexta-feira, 14 de junho de 2013

Número de PMs na rua: Uma conta que não fecha

Planilha à qual O DIA teve acesso mostra que 10 mil militares não participarão da segurança da Copa das Confederações. Há alguns dias, PM prometeu usar todo o efetivo

MARIA INEZ MAGALHÃES
Rio - Cerca de 10 mil policiais não poderão participar do aparato de segurança montado pela PM para a Copa das Confederações, competição que começa neste sábado em seis estados.
Afastado por inúmeros motivos, esse grupo ficará longe das ruas, o que vai de encontro ao anúncio feito pela corporação há alguns dias, quando garantiu que empregaria todo o efetivo de 44.371 PMs no esquema — dividido em quatro fases, entre 12 de maio e 13 de julho.
O DIA teve acesso a uma planilha com números da corporação. O total de afastamentos — 9.223 policiais — corresponde a 20,5% do efetivo. E ainda há outro dado ‘impressionante’: a assessoria de imprensa da PM afirmou que o total em ação será de 67 mil homens até dia 5 de julho, quando serão empregados 2.600 agentes por dia no Rio.
Atualmente, 22,6 mil PMs trabalham no policiamento ostensivo
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
O aumento é explicado da seguinte maneira: multiplicando os 2.600 policiais por 26 dias de trabalho, período de policiamento especial para a Copa das Confederações.
A quantidade de afastados pode ser maior, porque a lista não inclui PMs cedidos a órgãos como Tribunal de Justiça, Ministério Público, entre outros.
Férias, tratamento de saúde, licenças paternidade e maternidade, luto, licença especial, cursos de aperfeiçoamento são as principais causas que tiram PMs do trabalho.
3.800 de férias
A corporação justificou ainda que o período de férias atinge cerca de 8,33% do efetivo, num total de 3.800 PMs. E completou dizendo que cerca de 5% têm direito à licença especial a cada 10 anos.
Dos quase 45 mil PMs, 22.661 (51%) estão no policiamento ostensivo, e 12.487 (28%), em atividades administrativas. Nos dias de jogos no Maracanã, 550 policiais do chamado ‘batalhão burocrático’ — com policiais que fazem serviços administrativos — farão o policiamento com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e outras unidades.
O ‘batalhão burocrático’ também apoiará o Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur) nos pontos turísticos.
Deputada fica inconformada
Os números da PM impressionaram a deputada estadual Janira Rocha (Psol). “É enganação. Não existe esse contingente de 67 mil. Isso é fraude! A PM usa a hierarquia para obrigar os policiais a trabalharem numa escala desumana para aumentar o efetivo. Isso é assédio moral porque, se o subordinado disser não, vai preso. E mesmo os PMs tendo direito ao afastamento, o número de PMs fora de serviço é grande”.
A escala de trabalho, aliás, é uma das principais reclamações que chegam ao presidente da Associação de Cabos e Soldados Militares, Vanderlei Ribeiro.
“Falta planejamento na PM, por isso não adianta colocar um número grande de policiais nas ruas. Submetem o efetivo ao excesso de trabalho e isso não é produtivo. Dessa forma, ele não vai garantir a segurança e vai acabar se afastando”.

Fonte: ODIA

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