terça-feira, 4 de dezembro de 2012

"Quem errar, rua" é o recado do comandante-geral da PM do Rio a policiais com desvio de conduta


Felipe Martins
Do UOL, no Rio
O comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Erir Costa Filho, foi enfático ao comentar os desvios de conduta dos policiais militares envolvidos no esquema de corrupção apontado na Operação Purificação, deflagrada nesta terça-feira (4) na capital e na Baixada Fluminense.
Segundo o comandante, os PMs que ainda estiverem agindo contra a instituição “devem parar, senão vão para a rua”. As palavras do comandante foram proferidas no final da manhã, em entrevista coletiva para explicar os detalhes da operação no Quartel General da Polícia Militar, no centro da capital fluminense.
“O policial que não for digno de vestir a farda da corporação será punido. Agora acabou. Ninguém pode ter dúvida do que essa equipe pode fazer. Quem errar, rua”, afirmou.
A Operação Purificação foi desencadeada para cumprir 83 mandados de prisão, sendo 65 de policiais militares e 18 de integrantes da principal facção do tráfico de drogas do Estado, o Comando Vermelho.
Até as 10h30, já haviam sido presos 59 PMs e 11 traficantes. Os PMs – todos lotados no 15º BPM (Duque de Caxias) à época do início das investigações – recebiam propina dos traficantes para não coibir atividades criminosas em 13 favelas da região de Duque de Caxias, todas sob domínio do Comando Vermelho.

“Arrego”

Durante as investigações foi descoberta a conexão entre o traficante do Mato Grosso do Sul Samert Basilio Soto, conhecido como Barão, e policiais e traficantes do Rio. Uma conversa interceptada pela força-tarefa revelou a compra de um fuzil no valor de R$ 45 mil e a encomenda de 50 pistolas pelos traficantes de Duque de Caxias.  Os policiais envolvidos no esquema toleravam a circulação das armas.
Segundo o Ministério Público, o traficante Willian da Silva, conhecido como Pit, tinha uma linha de telefone destinada exclusivamente para atender aos policiais do esquema. Ele é braço-direito do traficante conhecido como Paizão, chefe do tráfico em comunidades de Duque de Caxias.
De acordo com o promotor Décio Alonso, os policiais ligavam “incansavelmente” para o traficante para negociar o “arrego” (propina). Dos 65 mandados de prisão expedidos, as vozes de 26 PMs já foram identificadas através de perícia nas gravações das ligações telefônicas.

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