Rio -  Os bombeiros, policiais civis e militares entraram em greve geral
 na noite desta quinta-feira. A decisão foi tomada durante assembleia
 na Cinelândia, no Centro do Rio. Segundo o comando do movimento,
 a greve é por tempo indeterminado. Cerca de três mil pessoas
 participaram do ato.
Desde a tarde de desta quinta-feira, a Cinelândia concentrou milhares de servidores | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Desde a tarde de desta quinta-feira, a Cinelândia concentrou milhares de servidores | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Os líderes do movimento garantiam que haveria greve caso algum
 item da sua pauta de reinvindicações não fosse atendido pelo governo.
 Eles pedem a libertação do cabo Benevenuto Daciolo, preso no fim da
 noite de quarta-feira, auxílio-transporte e alimentação de R$ 350, piso
 salarial de R$ 3.500 e jornada de 40 horas semanais.
Policiais ficarão nos quartéis
Os policiais militares, inclusive os de folga e férias, prometeram ficar,
 a partir de hoje, nos quartéis e só atender emergências, com no máximo
 30% do efetivo. Presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia
 Civil, Fernando Bandeira, orientou a população a ficar em casa.
Na Civil, somente a Divisão de Homicídios funcionará 100%.
 As demais unidades vão atender apenas casos emergenciais,
 como liberação de guias para remoção de cadáver e flagrantes de roubo.
“Enquanto o governo não negociar um plano de cargos e salários, vamos
 continuar de braços cruzados”, prometeu o presidente do Sindicato dos
 Policiais Civis, Carlos Gadelha.
No caso dos policiais militares, a estratégia é irem todos para as
 unidades para evitar prisões de parte do efetivo. Em junho do ano
 passado, 437 bombeiros e dois PMs foram detidos após invasão ao
 Quartel-General dos Bombeiros, na Praça da República, no Centro.
“Se prender um, vão ter que prender todo mundo”, discursou, durante
 a decretação do movimento, o cabo PM Wellington Machado, do
 22º BPM (Maré), um dos líderes grevistas.
Tropas federais a qualquer momento, diz Beltrame
<CW-7>Beltrame, em Brasília: ‘Problema a gente resolve com diálogo e ordem’ | Foto: Divulgação
Beltrame, em Brasília: ‘Problema a gente resolve com diálogo e ordem’ | Foto: Divulgação
Tropas do Exército, em
caso de greve, podem
ser acionadas a qualquer
 momento para garantir a
 segurança de moradores
 e turistas que visitam o Rio,
 de acordo com o secretário
 de Segurança José
 Mariano Beltrame. Nesta
 quinta-feira, em Brasília,
 ele disse que o plano está
 pronto desde os Jogos
 Pan-Americanos de 2007.
 “Temos um protocolo de
 ações construído desde
 aquele ano, e o foco é o
 interesse público e
 manutenção da paz”,
 ressaltou.
Autoridades da Segurança se reuniram nesta quarta-feira com a cúpula
 do Comando Militar do Leste para ajustar detalhes do possível pedido
 de auxílio às tropas federais. Mais cedo, Beltrame disse que acreditava
 num acordo com os profissionais da Segurança, apelando para
 o ‘bom senso’ dos servidores.
Aumento aprovado na Alerj
A Assembleia Legislativa do Rio aprovou nesta quinta-feira, por 60 votos
 a um (duas abstenções e sete faltosos), o projeto de lei que concede
 38,81% de aumento aos 122.640 servidores da Segurança Pública, que
 será quitado em fevereiro de 2013.
O governador Sérgio Cabral voltou a afirmar, na tarde desta quinta-feira,
 que descartava qualquer possibilidade de greve. Ele citou que o reajuste
 concedido à categoria representa impacto de R$ 1,8 bilhão nos cofres
 públicos e disse que confia nas instituições.
“Os profissionais da segurança sabem que esse não é o melhor método
 e reconhecem que estamos fazendo e que há ainda muito a ser feito.
 Se todos os meus antecessores tivessem feito o mesmo, o padrão
 salarial dos militares seria um dos melhores. Mas não fizeram nada
 antes de mim”, afirmou o governador.
Bombeiro está preso em Bangu 1
A juíza Ana Paula Figueiredo, da Auditoria de Justiça Militar, decretou
 ontem a prisão preventiva do cabo bombeiro Benevenuto Daciolo.
 O pedido foi do corregedor da corporação, Edson Senra. Na decisão,
 a magistrada argumentou que o militar viajou, sem autorização, à Bahia
 e foi flagrado em escutas telefônicas com os grevistas da PM baiana.
Em um dos trechos, Daciolo ressalta que não teria Carnaval na Bahia,
nem no Rio. Para a juíza, a prisão é necessária para garantir a ordem
 pública e a disciplina militar. O cabo é acusado de crime de incitamento
 à prática de outros crimes militares.
Antes da ordem judicial, o bombeiro, um dos líderes do grupo,
 foi preso — até então administrativamente por 72 horas —
ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na noite
 de quarta-feira. Ele está na unidade de segurança máxima Bangu 1.
 “Trata-se de mais uma arbitrariedade”, desabafou ele a O DIA
 após ser detido.
O cabo explicou que voltava de Salvador, Bahia, onde participou das
 negociações sobre a greve. “Por questão de ordem pública, ele foi
 para Bangu 1”, disse o secretário estadual de Defesa Civil, Sérgio Simões.
 Ano passado, Daciolo participou da invasão ao QG da corporação.
Fonte: ODIA