segunda-feira, 14 de maio de 2012

Grupamento de Operações Especiais - Guarda Portuária




GOE - GPORT

Em 1997, o Cap. Mar e Guerra Percival de Araújo Costa, comandante da Guarda Portuária,buscando atender uma das especificações do ISPS-CODE, que fala sobre a necessidade dos Portos terem um grupo de Ação e Reação, implantou no Porto de Santos o 1º GOE – Grupamento de Operações Especiais, inicialmente composto por um Inspetor e 10 (dez) guardas portuários, com uma viatura. Posteriormente este grupo foi aumentado para dois inspetores e 20 guardas e duas viaturas, que se revezavam em turno de revezamento. O grupamento recebeu treinamento junto aos Órgãos de Segurança Pública, onde teve noções de combate à localidade, táticas de abordagem, segurança e escolta de dignitários, controle de distúrbios civis, técnicas de operações ribeirinhas, técnicas de montanhismo, recebendo também instruções sobre procedimentos e serviços. O grupo reunia-se no início de cada jornada, onde, após tomar conhecimento dos pontos críticos do dia, discutia um plano de ação operacional para atuar nesses locais.

Pelo que se tem notícia, foi o primeiro e único criado nos portos brasileiros e talvez no mundo todo.

Diferentemente dos vários grupos hoje existentes no Brasil e no Mundo, especializados nas mais diversas modalidades criminosas, o GOE da Guarda Portuária procurava exercer da melhor forma possível, inclusive buscando cursos e treinamentos, as mais diversas atividades que deveriam estar a cargo de um grupo especializado, visto ser a segurança portuária uma atividade diferenciada, além de ser enorme área do Porto de Santos e a sua complexidade, visto que é o único no Brasil que trabalha com toda espécie de carga, e toda carga tem um modus-operanti de roubo diferenciado.
O GOE da Guarda Portuária treinava ações de abordagem de pessoas e veículos, conhecimentos de documentações de carga, invasão de locais confinados (armazéns) e embarcações e desenvolver serviços de inteligência, para ao tomar conhecimento antes, traçar estratégias de atuação, em roubos á bordo, roubos de cargas, distúrbios e greves, estando preparada para atuar a qualquer momento.
Recebeu treinamento junto ao Exército, no 2º BC – Batalhão de Caçadores, em São Vicente -SP, e participou de várias operações conjuntas com os Fuzileiros Navais da Marinha Brasileira, em manobras anuais. O objetivo do exercício militar era detectar eventuais falhas no sistema de segurança do Porto.
O GOE da Guarda Portuária, como todo grupo especializado, trajava-se de modo diferenciado, macacão preto e boina preta, uma postura de conduta e trabalho diferenciado, no embarque e desembarque das viaturas, na linguagem de comunicação, inclusive por sinais de comando, no posicionamento dos seus integrantes no local de conflito, agindo com polidez, mas com determinação e firmeza, que fizeram que ficassem conhecidos como os “ninjas”.
O GOE da Guarda Portuária durante a sua existência exerceu as mais diversas atividades, que em outras corporações policiais são atribuídas a grupos diferenciados. Atuou em conflitos portuários, como greves de estivadores e manifestação de caminhoneiros (atividade característica de um grupo de choque), recuperação de cargas roubadas, prendendo os seus autores (atividade característica da DIG), evitou sequestros (atividade característica da DAS), fez incursão em favelas para recuperar arma roubada (atividade característica do BOPE), fazia segurança de autoridades quando da visita ao Porto, além de realização de fiscalizações rotineiras. A sua atuação ficou marcada num dos maiores acontecimentos relacionado ao ataque de piratas a navios nos portos brasileiros, quando em 09 de janeiro de 1998, dois piratas que haviam subido a bordo do Navio Isomeria e teriam feito dois reféns, morreram no confronto com o Grupo, sendo o fato citado na página da CONPORTOS, tornando-se um marco para que as autoridades brasileiras tomassem as primeiras iniciativas para aumentar o investimento na segurança dos portos brasileiros.
Em 15 de junho de 2000, após a troca do comandante da Guarda, alegando o baixo efetivo, foi extinto o Grupamento. Hoje o Porto de Santos é policiado por várias viaturas, mas não conta com um grupo tão preparado como os ninjas do Porto de Santos, como ficaram conhecidos os integrantes do grupo, apelido atribuído pelos estivadores, pois o grupo impunha respeito pelo modo diferenciado e preparado que atuava.
 * Artigo publicado na Revista Segurança e Cia.
Carlos Roberto Carvalhal

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