quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As limitações e os desafios do PSB

É evidente que é legítimo o PSB sonhar com a Presidência da República em 2014. Em especial, por ter em seus quadros dois nomes com possibilidades: Ciro Gomes e Eduardo Campos. No entanto, as coisas são mais complexas do que parecem.
Começando do geral para o específico, são os seguintes os obstáculos para o projeto presidencial do PSB: 
A política governista dos dias de hoje gira em torno de uma figura: Lula, ex-presidente da República e guia-mor do que chamamos de “lulismo”.
Nas regras do “lulismo”, as preferências seguem uma hierarquia: o nome de Lula tem precedência sobre qualquer outro, inclusive o de Dilma; Dilma é a candidata predileta para 2014 se Lula não quiser concorrer; o PT tem preferência para encabeçar a chapa.
Depois de observadas essas três regras, qualquer outra solução – desde que Lula concorde – pode ser adotada. Até mesmo permitir que o PSB encabece a chapa.
Assim, a conjuntura que se apresenta tende a ser desfavorável para o projeto do PSB na esfera governista. E, indo para o campo específico, algumas limitações aparecem. Vamos começar por Ciro Gomes, o mais experiente.
Ciro, por seu caráter voluntarioso e peculiar, separa mais do que agrega e, atualmente, marcha célere para ser apenas um político regional. Dentro do PSB ele não é unanimidade e, por conta de críticas recentes feitas ao comando do partido, parece preparar terreno para deixá-lo.
Eduardo Campos, que completará dois mandatos como governador, seria o melhor nome para a chapa presidencial do PSB. É jovem, tem boa imagem e controla o partido. No entanto, o PSB não é forte numa região muito importante: o Sudeste. Apesar de ocupar a prefeitura em Belo Horizonte, a legenda é fraca em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Eduardo Campos, em que pese sua liderança e juventude, ainda é percebido como um político regional. E para ser candidato presidencial, ter uma imagem forte no Sul e no Sudeste é essencial.
Faltando três anos para a corrida presidencial, o tempo é curto para construir uma imagem sólida o bastante para situá-lo de maneira competitiva na disputa.
Porém, a própria campanha pode ser o veículo para torná-lo conhecido em todo o Brasil e plantar seu nome no imaginário do eleitorado.
Outra alternativa para o PSB é a disputa com o PMDB pela vaga de vice-presidente na chapa. É uma parada dura, por causa do tamanho e da experiência do PMDB no relacionamento com Lula e Dilma.
Enfim, a essa altura dos acontecimentos, cabe ao PSB, sobretudo a Eduardo Campos, buscar “nacionalizar” a imagem do partido e se propor a assumir um papel central na política nacional. Seja visando 2014 ou 2018.

Murillo de Aragão é cientista político

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